A tempestade parecia cuspir sua fúria sobre Moscou, riscando o céu com relâmpagos que iluminavam, por segundos, a fachada sombria da mansão de Carlos Duarte. Cada trovão parecia anunciar que o inferno estava apenas começando.
Valéria saiu do carro quase tropeçando nos próprios saltos. Os cabelos molhados grudavam no rosto, que ainda carregava, em carne viva, o vermelho das bofetadas que Ana lhe deu. Seus olhos estavam inchados, não mais de raiva — agora de puro pavor.
Bateu na porta como quem bate na porta do próprio carrasco.
Carlos abriu. Devagar. Sem surpresa. O rosto dele era uma máscara de frieza, quase tediosa.
— Imagino que seja sobre os tapaços que você levou hoje... — soltou ele, cruzando os braços, sem sequer abrir espaço.
Valéria entrou sem esperar convite. Seus saltos ecoaram no mármore como tiros.
— Carlos, estamos perdidos! Ana e Augusto sabem de tudo! Foram até a casa do meu pai! Me humilharam! Me expulsaram da empresa! Me destruíram! — A voz dela saiu rouca, trêmula, q