Levantou-se e caminhou até a escrivaninha. Guardou o envelope numa gaveta interna, trancou com a pequena chave dourada e depois — com um gesto que era quase ritual — girou uma trava embutida na lateral. Ninguém abriria sem ferramentas. Nem mesmo Augusto.
Foi até o banheiro.
A água quente caiu sobre seu corpo como um manto temporário de esquecimento. Mas dentro dela o cérebro trabalhava: cada nome, cada data, cada movimentação. Ela não podia confiar em ninguém. Só em Bruno. E mesmo ele... ela escondia o envelope.
Amanda saiu do banho com a pele ainda úmida. Enrolou os cabelos na toalha e vestiu a camisola de seda preta que lhe cobria como uma segunda pele. Suas coxas ainda cintilavam sob a luz. O aquecedor estava ligado. O ambiente quente contrastava com o mundo congelado que ela agora carregava nos ombros.
Foi caminhando para o notebook quando os três toques secos na porta a pararam.
Toques curtos. Não de família. Não de Bruno. Não de alguém que esperaria uma resposta.
O silêncio da c