João e Mirela caminharam em silêncio pelos corredores elegantes da sede. A neve caía lá fora, mas o frio verdadeiro estava entre eles. A fazenda dos Duarte continuava imponente, mas, por dentro, cada um carregava cicatrizes que nem o luxo conseguia esconder.
Chegando ao escritório, João empurrou a porta e indicou com um gesto gentil para que ela entrasse primeiro. Fechou atrás de si. O cômodo, forrado de madeira escura e livros antigos, parecia acolhedor, mas o ar estava denso.
Mirela ficou de pé, de frente para ele.
— “Podemos conversar agora, João?”
— “Claro, Mirela. Me diga, o que está te incomodando?”
Ela cruzou os braços, engolindo a mágoa.
— “O que está me incomodando?” — repetiu, com ironia. — “É o fato de você ter voltado pra essa casa, cruzado comigo e com Clara, e nem ter perguntado como estávamos. Você sequer olhou nos meus olhos.”
João respirou fundo.
— “Mirela, vocês já estavam aqui. Seguras. Eu precisava estar com a Amanda... ela ainda estava em risco.”
— “Em risco?” — e