"Ela está roubando tudo. Meu lugar. Minha família. Meu João..."
Clara fechou a porta com um clique quase imperceptível. Mas dentro dela, o barulho era ensurdecedor.
Clara observava tudo da janela de seu quarto no andar superior. Não sorria. A xícara de chá que segurava já estava morna. Seu olhar passou por cada carro, cada rosto — até parar em Amanda, ali na varanda, cercada de sorrisos. Mas o que realmente a fez apertar os dedos no vidro da janela foi ver Otávio. Ele não tirava os olhos de Amanda.
— Claro... tinha que ser ela — murmurou para si mesma, os olhos escurecendo com o ressentimento.
A lembrança da noite anterior queimava em sua mente. João não dormira no quarto até tarde, e, embora ele tivesse evitado olhá-la durante o café da manhã, Clara percebia — algo tinha acontecido. Algo que ele não queria contar. E Amanda... ela estava diferente. Nervosa, inquieta, com um brilho estranho no olhar. Clara conhecia aquela expressão. Já vira antes em outros rostos — era o rosto de quem