Dessa vez, não havia música. Nem palavras.
Apenas os pensamentos de Amanda — agora divididos entre o toque inesperado e os olhos de Bruno, que também haviam dito tanto sem uma única palavra.
O carro deslizava pela estrada coberta de neve. O céu escuro era recortado apenas pelas luzes dos faróis e algumas estrelas tímidas.
Amanda mantinha o rosto encostado no vidro, o frio contrastando com o calor estranho em seu peito. João dirigia com calma, mas a tensão era palpável.
— Você tá quieta — comentou ele, finalmente.
— Tô só cansada — respondeu Amanda, sem desviar os olhos da paisagem.
João soltou um suspiro mais longo do que deveria.
— Foi uma boa aula?
Ela hesitou.
— Foi. Leve. Engraçada, até. Conversação com situações do dia a dia.
João assentiu, lançando um olhar rápido na direção dela.
— E aquele cara que saiu atrás de você… ele estuda com você?
Amanda virou lentamente o rosto. Os olhos se encontraram.
— Bruno. Sim, estuda.
— Ele parece... interessado — disse João, com