O relógio do painel marcava 14h07 quando o carro deixou o prédio do Conselho para trás.
Felipe encostou a cabeça no apoio, o olhar fixo no nada.
O silêncio dentro do veículo era espesso, carregado do tipo de tensão que antecede uma tempestade.
André entrou logo atrás dele, fechando a porta com calma.
Sentou-se ao lado, no banco de trás, e o motorista iniciou o trajeto.
Do lado de fora, o vento cortava o asfalto úmido. Do lado de dentro, apenas o ruído surdo do motor preenchia o espaço entre dois homens que acabavam de desafiar séculos de tradição.
Felipe respirou fundo, tentando dissipar o resto da energia que ainda vibrava em seu corpo desde o salão do Conselho.
O lobo dentro dele ainda rugia — não de medo, mas de raiva contida.
Alice.
O simples pensamento do nome dela bastava para acalmar a fera.
— Quer me contar o que acabou de fazer lá dentro? — perguntou André, quebrando o silêncio com um tom de incredulidade.
Felipe o olhou de relance, depois desviou o olhar para a ja