O relógio marcava pouco antes das seis da tarde quando os portões da casa da matilha se abriram.
O som distante do piano misturava-se às vozes baixas dos convidados.
Flores brancas pendiam das colunas, e as velas acesas formavam um corredor de luz até o altar de pedra.
Tudo parecia perfeito.
Mas dentro de Felipe Orsini, o caos reinava.
O terno pesava nos ombros, a gravata apertava mais do que devia.
Ele estava ali, parado diante do espelho, tentando ajustar o nó que insistia em se soltar.
Mas o que realmente se desmanchava era o controle.
A conversa com a mãe ecoava em cada batida do coração.
“A Deusa não erra.”
“Ela é a sua alma.”
“Não fuja dela.”
Cada palavra dela parecia viva, costurada na pele.
Ele tentou afastar a lembrança, o rosto de Alice, o som da voz dela, o cheiro de chuva e baunilha, mas era inútil.
O vínculo queimava, pulsava, chamava.
Um toque na porta o tirou dos pensamentos.
— Está na hora, Alfa. — disse André, do outro lado.
Felipe re