O silêncio dentro da casa parecia um peso.
Felipe permanecia sentado diante da lareira apagada, os cotovelos apoiados nos joelhos, o olhar fixo em nada.
O casamento seria em poucas horas.
Mas, dentro dele, algo gritava, um nó no peito que nem ele sabia nomear.
A porta se abriu com um leve estalo.
O perfume familiar de lavanda preencheu o ar antes da voz doce e firme que ele conhecia desde menino.
— Eu posso entrar?
Felipe não respondeu.
Luna Julie entrou mesmo assim.
Caminhou até o centro do cômodo, observando o filho em silêncio por alguns segundos.
— Faz horas que você está aqui sozinho — disse, com ternura disfarçada de leve repreensão. — E nem parece o homem que vai se casar.
Ele forçou um sorriso fraco.
— É muita coisa pra pensar, mãe.
Ela se aproximou, contornando a poltrona até ficar diante dele.
— Pensar ou fugir?
Felipe ergueu os olhos, surpreso com a franqueza.
Luna cruzou os braços.
— Eu te conheço, Felipe. Sei quando algo te corrói. Então me diga… o que é