O jato pousou em Phoenix pouco depois da meia-noite.
A cidade dormia, e as luzes tremulavam à distância, como brasas sob o vento quente. Felipe desceu os degraus em silêncio; o ar seco ardeu nos pulmões e o cheiro da noite o envolveu como um presságio.
O motor do carro já o aguardava. Ele dispensou o piloto e tomou o volante.
Durante todo o trajeto, o mesmo peso no peito, o elo vivo, latejante, o lembrava de que ela estava ali, em algum ponto da cidade, acreditando que o casamento havia acontecido.
A dor dela atravessava o vínculo como fogo líquido.
O corpo reagia: mãos tensas no volante, respiração contida.
E no fundo da mente, o lobo sussurrava, inquieto.
“Ela sofre.”
Felipe assentiu sem palavras. O céu estava limpo e a lua cheia o seguia.
A cada quilômetro, a dor se transformava em certeza.
A porta
O prédio de Liandra surgiu adiante, modesto, com janelas de luz amarela.
Felipe estacionou, subiu sem hesitar e tocou o interfone.
— Liandra. Sou eu.
Demorou apenas um segu