A madrugada em Phoenix parecia suspensa no tempo.
O vento que vinha pelas frestas da janela trazia o cheiro distante da chuva, misturado ao som abafado da cidade adormecida.
Alice estava encolhida em sua cama, o corpo suando frio apesar do calor.
Tinha febre.
Ou era o que parecia.
O corpo ardia, a pele sensível ao toque do ar.
Mas o que realmente queimava era o peito, uma dor funda, impossível de localizar, que pulsava entre o coração e a alma.
Desde o momento em que voltara de Chicago, não havia conseguido dormir.
Tudo nela parecia fora do eixo.
Pensamentos embaralhados, memórias distorcidas, o eco da voz dele — fria, distante — repetindo que não a conhecia.
As palavras dele ainda cortavam como lâminas.
“Eu não te conheço.”
“Não sei o que faz aqui.”
A cada lembrança, ela sentia o corpo reagir, como se o mundo tivesse se tornado pequeno demais para conter tanta contradição.
Raiva.
Tristeza.
Desejo.
Tudo misturado.
Liandra havia tentado ficar, insistido em cuidar del