O dia amanheceu encoberto.
A chuva fina riscava as janelas do edifício Orsine, e o reflexo do céu cinza cobria o escritório com uma penumbra serena.
Mas a serenidade ali era uma mentira.
Felipe estava à cabeceira da sala de reuniões, observando o grupo à sua frente.
Helena Vargas, diretora de RP, folheava relatórios; André, Nicolas e Carlos, o Gama, estavam sentados, atentos.
— Precisamos reagir — disse Helena, firme, a caneta tamborilando na mesa. — As manchetes se espalham, o nome da Alice está em toda parte. Se não controlarmos a narrativa, ela será destruída.
Felipe mantinha-se imóvel, o olhar voltado para a tela com gráficos e manchetes — como se analisasse não um escândalo, mas um inimigo.
— Vamos reagir, mas com precisão. — respondeu por fim. — Caçar uma sombra sem saber quem a projeta é um erro.
André apoiou os cotovelos na mesa. — O Conselho está pressionando. Querem uma posição.
Felipe ergueu o olhar. — O Conselho responde à tradição. Eu respondo à verdade.
Helena