Ciúme da Lua

Alice estava no banco traseiro, o olhar fixo na janela, o corpo rígido.

Felipe entrou ao lado dela.

O silêncio pesou.

Ele olhou o perfil dela, o maxilar travado, o peito subindo rápido, o olhar distante.

Podia sentir o vínculo vibrando, quente, elétrico.

Raiva. Ciúme. Dor.

Tudo misturado.

E, no íntimo, ele quase sorriu.

Sabia que lobas eram possessivas e ciumentas, mas Alice…

Alice estava além de qualquer medida.

Ela era fogo vivo.

E ele adorava isso.

— Alice… — tentou começar, a voz rouca.

— Não. — cortou, sem olhar. — Nem tenta, Felipe.

Ele manteve a calma. — Você saiu sem me avisar.

— Ah, desculpa. Devia ter deixado um bilhete. — respondeu, sarcástica. — Talvez escrito com a taça de vinho que sua “amiga” tomou.

Felipe arqueou uma sobrancelha, surpreso com o tom.

— Está com ciúmes?

— Não. — disse rápido. — Só enjoada.

Ele riu baixo, divertido. — Engraçado… o vínculo não mente.

Alice se virou, os olhos faiscando. — O vínculo está errado, então.
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