O bloqueador veicular começou a agir devagar, como Rafael havia programado.
Mais dez quilômetros de distância.
O carro de Liandra perdeu força aos poucos, a velocidade caindo mesmo quando ela tentava acelerar.
O motor engasgou e morreu, emitindo um último suspiro.
Silêncio absoluto.
A Rota 66 se estendia vazia diante dela, comprida, escura, fria.
Liandra ficou imóvel.
Mãos presas ao volante.
Olhos perdidos em algum ponto que não existia.
Respiração curta, quase inexistente.
Ela não abriu o envelope.
Não precisava.
O nome Caroline na capa… dizia tudo.
O veneno.
O sorriso enviesado.
O “assunto pessoal”.
E a sugestão silenciosa que queimava como ácido.
Ela não pensou em destino.
Não pensou em lógica.
Só fugiu.
Da dor.
Da dúvida.
Do medo.
De tudo.
Agora, parada no acostamento, ela não tinha mais forças para continuar.
Só lágrimas.
E um vazio que doía mais do que o ar frio da noite.
Cinco minutos depois, eles estavam na estrada.
Rafae