“Algumas pessoas voltam porque nunca foram embora.” — (Anotação de R.)
Acordei com a estranha sensação de que alguém havia me chamado.
Não “Renata”. Não “Helena”. Era meu nome, mas não dito — um som sem voz, inteiro e vivo, alojado entre a última costela e o vazio do estômago. Fiquei imóvel, tentando puxar de volta o fio do sonho, mas ele se desfez como neblina ao sol.
A mão se moveu sozinha até o celular. 07:12. Duas notificações de e-mail, uma mensagem perdida no grupo da Lancaster, uma atualização irrelevante de aplicativo. E, no topo, algo que fez o ar pesar: uma mensagem sem foto, apenas um “A.” como assinatura.
“Você quer acabar com os pesadelos ou apenas aprender a viver com eles? — A.”
O texto pulsava na tela como um coração fora do corpo — não apenas lido, mas respirado, como se cada palavra tivesse temperatura própria. Fiquei imóvel, encarando aquelas linhas, esperando que, por algum capricho, elas se rearranjassem em algo menos corrosivo. Antes que a raiva chegasse, o corpo