“Entre o que preciso fazer e o que consigo suportar, aprendi a respirar.” — (Anotação de R.)
(...) Ela se sentou finalmente num sofá de couro, deixando o corpo relaxar pela primeira vez em dias. Matheo ficou em pé, costas apoiadas na parede fria, como quem guarda voluntariamente uma porta que ninguém mais pode ver mas que ele sabe que existe.
Ele não me olhava diretamente; eu não buscava ativamente seu olhar. Tínhamos combinado sem nunca combinar verbalmente — aquela dança silenciosa de respeitar perímetros invisíveis.
O telefone vibrou em sequência: Joana mandando roteiro atualizado de segurança, Rafael confirmando “perímetro ok, sem incidentes”, Dra. Iasmim confirmando horário da próxima sessão com lembretes de protocolo.
Respirei fundo, aliviada por ter conseguido manter tudo funcionando aqui, mas consciente de que tinha meus próprios demônios internos esperando para serem exorcizados na sexta-feira.
Procedimento, não fé.
Preferi a secura reconfortante do mantra à tentação perigos