“Não há barreira, fechadura ou ferrolho que possas impor à liberdade da minha mente.” — Virginia Woolf
O apartamento mergulhara em um silêncio denso, como se o ar tivesse parado por um instante após a saída de Matheo. Não era um vazio qualquer; estava mais para uma pausa sutil, um hiato nas batidas de um coração que ainda tentava processar a ausência.
Renata caminhou até o quarto, onde no alto do guarda-roupa, como um tesouro escondido, estava uma caixinha pequena e retangular, feita de papelão cru e devidamente amarrada com uma fita simples. Então, com um cuidado quase reverencial, estendeu a mão para pegá-la.
Com mãos trêmulas, desfez o laço que a prendia.
Ela permaneceu em pé por alguns instantes, encarando a cama, onde a caixa já aberta se impunha como uma fronteira meio pequena, meio intransponível.
Um impulso a fez se sentar, puxando o diário para mais perto, e então, por um breve e mágico momento, passou a mão delicadamente pela capa de tecido, como se quisesse cumprimentar alg