Na noite seguinte, Enzo retornou mais tarde do que de costume. Vestia um terno escuro, e seu rosto estava pálido, com olhos profundamente marcados pelo cansaço. Ainda assim, sua presença mantinha-se firme e imponente.
Ao fechar a porta atrás de si, o fez com uma força contida, quase como se estivesse tentando controlar uma tempestade interna. Lentamente, tirou o paletó e a gravata, e sentou-se na beira da cama.
Sem rodeios, mas com uma voz carregada de uma melancolia resignada, disse:
― Recebi o resultado dos exames. Nada ainda...?
Dayse não respondeu. Estava sentada na escrivaninha, fingindo ler um livro.
― Outra tentativa, outro fracasso, por que você não engravida? continuou Enzo, sua voz carregada de uma impaciência cortante como gelo.
Dayse piscou, atordoada pela brutalidade da pergunta. Dias de silêncio gélido, e a agora essa acusação. O sangue pareceu abandonar seu rosto, substituído por uma onda de calor que queimava suas bochechas.
― “Como ele ousa?” — pensou, sentindo um nó