* Na mansão Bellucci, Enzo estava jogado na poltrona do escritório, incapaz de dormir. A camisa desabotoada, o olhar perdido na penumbra quebrada pelo abajur apagado.
― “Cometi um erro... como pude ser tão tolo!”
Ele sabia. Dayse não o perdoaria facilmente.
O silêncio de Dayse era ensurdecedor, mais cruel que qualquer briga.
Ele chegou tarde ao jantar.
Ainda sentia nos lábios o gosto amargo daquele beijo inesperado de Victoria — um gesto invasivo, carregado de lembranças distorcidas e intenções duvidosas. Mas o que realmente o incomodava eram as perguntas sem resposta, martelando na cabeça sem parar:
— Por que não disse não?
— Por que fui direto encontrá-la, como se não houvesse outra opção? Como se ela não pudesse esperar?
Ele já sabia a resposta, mesmo que tentasse negá-la.
Havia uma parte de si — escondida, teimosa — que ainda reagia a Victoria. E isso não era amor, tinha certeza disso.
Era o peso do dever. Ou talvez uma lembrança antiga, vestida de lealdade vencida.
Respeito