Do outro lado da linha, a voz fria de Victoria escorreu como veneno sobre a pele de Theo.
— [Meu querido Theo. Como você está?]
Ele paralisou. O tempo pareceu desacelerar. Aquela voz… doce demais para ser sincera. Familiar demais para ser acolhedora.
— De novo? O que você quer? — sua voz saiu seca, instintiva.
O tom de Victoria era leve, quase musical, mas cada palavra carregava algo mais sombrio por trás.
— [Theo, Theo... que jeito mais rude de falar com sua mãe. — disse ela, com um sorriso na voz. — Quando eu voltar, nós dois vamos ter uma conversinha... só entre nós.]
Theo não respondeu. A raiva era um tremor surdo em seus ossos.
Victoria continuou: — [você já avisou seu pai que estou voltando para casa?]
― Ainda não. Ele voltou tarde ontem e hoje saiu muito cedo. ― respondeu Theo secamente.
Victoria suspirou com irritação.
Theo sentiu o estômago virar. Sabia, no fundo, que havia algo de errado em toda aquela história de reclusão, cadeiras de rodas e cirurgias misteriosas.
Victoria