Foi quando Misa entrou — e parou. O perfume amadeirado dele tomou o ar. Trazia a mão direita sangrando, a ponta dos dedos suja de vermelho. Vi o maxilar travado, as bochechas mais coradas do que o normal: irritação. Ele abriu um armário, tirou o kit de primeiros socorros e tentou, de um jeito quase cômico, enrolar a gaze usando uma mão só. Três tentativas, nenhum sucesso. Soco no balcão.
— Inferno.
— Quer ajuda? — perguntei, sem pensar no “melhor não”.
Ele não respondeu, mas não foi embora. Abaixei, juntei o conteúdo do kit do chão, voltei ao balcão. Quando segurei a mão dele, a pele estava quente — raiva fervendo por baixo. Abri a torneira, deixei a água escorrer, encontrei um caco de vidro, removi com pinça. Ele praguejou baixo. Apliquei antisséptico, ouvi mais um palavrão engolido, enrolei a gaze com firmeza, prendi com esparadrapo. Terminei e, por vício, sorri.
— Pronto.
— Obrigado — ele disse, e por um segundo a palavra pareceu errada na boca certa.
— Por nada — respondi, tentand