Olhos claros como gelo. Sorriso de lado, quase sedutor. Cabelos que, mesmo curtos, ondulam na raiz. Foi por isso que ele me pareceu familiar no corredor: Aiden — ou Aidem, como a mãe sussurrou primeiro antes de corrigir — carrega no rosto um traço irrefutável dos Patinks. E agora eu estava fechando a porta da copa para ouvir de Katie, minha antiga supervisora, a história que faltava para o quebra-cabeça.
— Ele sabe? — pergunto, mantendo a voz baixa. — O Aiden… ou o senhor Patinks?
Katie nega com a cabeça, o batom elegante tremendo no lábio inferior.
— Não. Nem meu filho, nem o Antony. Eu… eu não sei o que fazer — solta, exausta, como quem segura essa frase há anos.
Me aproximo com cuidado. Lá fora, o escritório continua seu balé habitual: telefone tocando em looping, impressoras cuspindo folhas, passos apressados em carpete cinza. Aqui dentro, o ar fica denso.
— Respira — peço. — Me conta direito.
Ela se ajeita na cadeira de plástico da copa, o blazer preto riscando o encosto. Por um