No dia seguinte, a cidade se ajeitava em céu branco de fim de inverno quando entrei na Macy’s da 34th. Faltavam poucos dias pro aniversário do meu pai e, como sempre, a minha mãe ia transformar a sala de jantar num restaurante de revista. O problema era o presente: homens como meu pai parecem ter tudo.
Rodei o andar masculino, toquei em blazers, experimentei o peso de canetas caras, examinei uma prateleira de gravatas. No carrinho, um cardigã preto pro Matt — ia ficar perfeito com a calça bege — e um par de escarpins nude pra minha mãe (ela ia dizer que era demais, depois usar em todas as reuniões). O presente do meu pai, nada.
Matt atrasou uns minutos. Nas últimas semanas, as reuniões na empresa do pai dele engoliam as noites; ele chegava tarde, às vezes dormia no próprio apartamento pra não me acordar. Eu fingia não me incomodar — e quase conseguia. Mas aquela vontade tola de ligar no meio da tarde pra perguntar se ele comeu me traía. Eu estava ficando carente. Ou — e essa palavra m