Acordo com o estômago roncando — de fome, não de dor. Aleluia. O remédio finalmente fez efeito. Estico o braço na cama e sinto o lado do Matt frio, vazio. Ele já levantou. Ergo o celular: estou absurdamente atrasada.
Corro pro banheiro, faço o básico em tempo recorde e, de volta ao quarto, bagunço o closet sem dó até pescar um tubinho azul-claro, decote em V. Salto preto, cabelo preso às pressas, perfume atrás da orelha.
Na cozinha, o silêncio. Nada de Matt. Apenas um bilhete dobrado ao lado da cafeteira:
“Tive que sair mais cedo e não quis te acordar. Desculpe. — Matt”
Fico olhando as três linhas. Estranho. Ele não é de recados secos; normalmente me acordaria com beijo e explicaria o que houve. Desde ontem à noite tem algo nele… contido. Pode ser paranoia minha, mas o peito registra um aviso incômodo.
Preparo um café rápido e faço meu desjejum sozinha: dois pedaços generosos de bolo com suco de maçã. Lavo a mão, encho o potinho do Bono — ele vem trotando, rabo em ponto de exclamação