— Oi, fofura — encostei ali, o Liam espalhado no meu colo, mãozinha testando o meu colar.
— A Tina que fez esses docinhos — ela anunciou, orgulhosa, mordendo mais um. Valentina sorriu, ajeitando o avental. Deu vontade de rir: no balé daquela cozinha classe-média alta do Upper East Side, a Clary se movia como se fosse de casa.
— Quer um? — ofereceu.
— Não posso, meu amor — sorri. — Os bebês são alérgicos. Eu também preciso cuidar do que como.
— Ah… — ela pensou um pouco, a testa franzida. — A minha professora falou que tem mamãe falsa e mamãe verdadeira. A falsa deixa no orfanato. A verdadeira vem depois e escolhe a gente. E fica pra sempre — explicou, simples, como quem fala de nuvem.
Engoli o nó. Como se explica ao mundo que ele não é tão arrumadinho assim?
— É complicado — disse, alisando o cabelo macio dela. — Mas tem gente que escolhe a gente de um jeito que não dá pra ver. Às vezes, a família começa pelo coração. E o resto vem atrás.
A Valentina piscou, discreta. Eu ia dizer mais