Capítulo 154

O prédio da Emma fica num quarteirão silencioso do Lower East Side, com árvores que ainda guardam o dia no brilho das folhas. Ela abre a porta no segundo toque. Emagreceu. O rosto afinou, as olheiras assumiram o comando. Não precisa dizer que não tem dormido.

— Fala logo — ela se encosta no batente, sem cerimônia.

— Você conhece algum Jango? — pergunto entrando, sem rodeios. — Já ouviu esse nome?

— Claro. Foi ele que atirou no… você sabe. — Os olhos piscam, duros. — O que tem isso?

O chão falta por um instante. O estômago contrai.

— Merda.

— Misa, eu perguntei: por quê?

— Hoje chegou uma carta no meu prédio, entregue em mãos. O carteiro deixou com o porteiro. Endereçada ao meu apartamento. Eu abri no elevador. — Tiro a folha do bolso, estendo. — Leia.

Ela pega como quem pega vidro. O apartamento dela tem cheiro de chá frio e janela aberta. A Emma lê de uma vez, silenciando entre linhas, o maxilar crispado. Demora tempo demais.

— Então? — forço.

— Então o óbvio — ela pousa o papel na m
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