O prédio da Emma fica num quarteirão silencioso do Lower East Side, com árvores que ainda guardam o dia no brilho das folhas. Ela abre a porta no segundo toque. Emagreceu. O rosto afinou, as olheiras assumiram o comando. Não precisa dizer que não tem dormido.
— Fala logo — ela se encosta no batente, sem cerimônia.
— Você conhece algum Jango? — pergunto entrando, sem rodeios. — Já ouviu esse nome?
— Claro. Foi ele que atirou no… você sabe. — Os olhos piscam, duros. — O que tem isso?
O chão falta por um instante. O estômago contrai.
— Merda.
— Misa, eu perguntei: por quê?
— Hoje chegou uma carta no meu prédio, entregue em mãos. O carteiro deixou com o porteiro. Endereçada ao meu apartamento. Eu abri no elevador. — Tiro a folha do bolso, estendo. — Leia.
Ela pega como quem pega vidro. O apartamento dela tem cheiro de chá frio e janela aberta. A Emma lê de uma vez, silenciando entre linhas, o maxilar crispado. Demora tempo demais.
— Então? — forço.
— Então o óbvio — ela pousa o papel na m