O “ah!” do Math foi sincero. Os aplausos, o coro de “Parabéns”, gente acenando taças. Eu encostei na orelha dele.
— Feliz aniversário.
De canto, meu olhar encontrou o do Misa, a alguns metros, perto da tenda de drinks. Terno azul-marinho impecável, gravata cinza perolada, cabelo escovado pro lado, um desalinho calculado na franja — e um cansaço irremediável colado ao osso da face. Ele me encarou sem arrogância, sem súplica. Quase… quieto. E isso me desestabilizou mais do que qualquer provocação antiga.
— Isso é coisa da minha mãe — o Math riu baixo, os dentes brancos no contraste da barba. Eu mordi o impulso de dizer “e do seu pai também”, porque meus sogros viviam pra isso: arrepender-se das extravagâncias e já planejar a próxima.
— Eu vou buscar a outra surpresa — falei.
— Qual?
— Aquela que provavelmente está devorando cajuzinho na cozinha.
Saí pelo corredor de gente sorridente, cumprimentando com a cabeça. Foi quando a parede do meu caminho assumiu a forma de um vestido preto acet