"Você Nunca me Teve"

Aylla ficou em silêncio. O coração disparado, o sangue borbulhando de raiva e confusão. Ele sabia desde o início que era ela. Desde o momento em que cruzaram os olhos naquela piscina. Mesmo assim, agiu como um cachorro no cio com a outra mulher. Ela preferiu calar, mas Ayron não parecia se dar por vencido.

Debaixo da água, sua mão escorregou até a barriga dela, num toque quente que contrastava com o frio que começava a crescer dentro do peito de Aylla. Ela tentou sair, mas ele a segurou e a puxou para um abraço por trás, a voz baixa em seu ouvido.

— Então você não vai me responder, Aylla? Ou já se esqueceu de mim?

— Cala a boca e tira essas mãos sujas de mim.

Mas ele ignorou. Continuou acariciando sua barriga, e a mão desceu, roçando o biquíni dela com a mesma ousadia de sempre. Aylla permaneceu parada, mas cada lugar onde ele tocava parecia pegar fogo. Os dedos deslizaram, e ele sussurrou, cheio de veneno:

— Sabe, Aylla... eu ainda me lembro daquela noite.

Ela não sabia o que dizer. Não entendia aquele homem. Ele parecia viver apenas para atormentá-la. Conseguiu se soltar, virou-se para ele e encarou aqueles olhos âmbar que queimavam como labaredas. Os cabelos negros escorriam água, colados à testa. A água pingava pelas tatuagens nos braços, como se cada gota revelasse mais da intensidade dele.

Era impossível negar. Ayron fazia ela sentir algo estranho — um desejo que ela se recusava a aceitar como qualquer coisa além de físico.

— Você não tem vergonha, não? — ela soltou, depois de alguns segundos. — Veio acompanhado de outra mulher, mas ainda assim perde seu tempo vindo aqui me perturbar? E mais... você acha mesmo que é coincidência estar no mesmo hotel que eu? O que você quer de mim, de verdade?

Ayron sorriu. Um sorriso arrogante, satisfeito.

— Aylla, você tá imaginando demais. Fui contratado pra acompanhar aquela bela dama. Mas sou insaciável, como você bem sabe. Te ver aqui com esse maiô, com esses cabelos dourados... me fez lembrar daquela noite. E pra você comprovar o que estou dizendo... veja.

Ele pegou a mão dela e a guiou até o próprio membro, ainda por cima da sunga. Ela sentiu ele duro. Muito duro.

— Pare com isso, seu pervertido!

Ayron se aproximou mais, olhos cravados nos dela.

— Eu não tenho culpa se você me deixa assim.

A mão dele deslizou até a parte íntima dela. Com um dedo, empurrou o biquíni para o lado e tocou diretamente seu clitóris. Aylla soltou um gemido, o corpo tremendo, os joelhos quase falhando. Como ela podia permitir aquilo? Como podia deixar aquele homem fazer aquilo com ela, ali, daquele jeito?

Ele continuou a massagem lenta e intensa com o dedo, a boca colada ao ouvido dela:

— Acho que não sou só eu que sinto essa vontade louca...

Ela estava perto de gozar. Podia sentir. Podia jurar que estava prestes a explodir ali mesmo. Sentia o membro dele roçando em seu corpo, duro, quente. Até que conseguiu sussurrar, com dificuldade:

— Para...

Ele não queria parar. Isso era óbvio no olhar faminto dele. Mas, de repente, uma voz surgiu:

— Ayron, querido, peguei um drink maravilhoso pra gente!

Aylla o empurrou com força e ajeitou o biquíni. Ayron, como se nada tivesse acontecido, caminhou até a borda da piscina. Aquilo a deixou furiosa.

A mulher se aproximou, com um olhar venenoso e uma ironia cortante na voz:

— Ayron, você achou um novo brinquedinho?

Aylla franziu o cenho.

— Brinquedo? Eu nem conheço esse homem. Por que eu seria brinquedo dele?

A mulher riu com desprezo. Aylla teve vontade de puxar aquela vaca pelos cabelos e afogar na piscina.

Ayron olhou para a acompanhante, sem expressão.

— Está com ciúmes?

— Sim. Você sabe que é só meu, né?

Ele saiu da piscina. A mulher o puxou pelo braço, com aquela voz irritante:

— Ayron, você não me respondeu...

— Sou de todas, querida.

A mulher gargalhou.

Aylla ficou na piscina, desejando que aqueles dois sumissem. Antes de ir, Ayron a olhou.

— Até mais, docinho.

— Não sou seu docinho! E por mim, não apareça mais na minha frente!

Ele fingiu que não escutou e se afastou com a mulher.

Ela sentiu a água ficar fria, embora soubesse que era aquecida.

Mais tarde, sozinha no quarto, Aylla foi direto para o banho. Precisava tirar o toque daquele homem do corpo. Mas não conseguia parar de lembrar. A mão dele, os dedos, o sussurro. Se tocou no banheiro, se masturbou lembrando das cenas. Gozou sozinha, envergonhada com ela mesma. Sentia-se suja, mas seu corpo pedia mais. Muito mais.

Deitou-se. Um tempo depois, Vanessa chegou.

— Aylla, te procurei e não te vi lá na piscina! Imaginei que tinha voltado pro quarto.

Aylla quis contar tudo, mas preferiu guardar. Ainda não entendia quem era aquele homem.

— Estou só cansada da viagem, Van.

Vanessa se sentou na cama.

— Amiga, você sabe que pode contar comigo, né? Se for por causa do serviço... ou da mulher que vai trabalhar no hospital, há que teve o caso com Leonardo?...

Aylla aproveitou a deixa.

— É, acho que é isso...

Vanessa a abraçou.

— Se for preciso a gente bota fogo naquele hospital. O que acha?

Aylla riu.

— Amiga, não podemos fazer isso...

— Tô brincando, você sabe. Mas falando sério... Cristian me ligou. Disse que estava com você. Eu tô tentando me afastar, mas acho que tô gostando dele, Aylla. Só que tenho medo que não seja recíproco.

— Van, tenta. Acredito que ele gosta sim de você. O olhar dele não negava isso.

— Sério? Ai, obrigada, amiga. Vou até beber mais um drink!

As duas riram.

No dia seguinte, com o sol forte, foram à praia. Aylla queria pegar uma marquinha. Colocou um biquíni pequeno. Percebeu vários olhares. Cutucou a amiga.

— Van, será que estamos estranhas? Tantos homens olhando pra gente...

— Amiga, para. A gente tá gostosa, é isso.

Aylla riu.

— Vou dar uma entrada no mar. Olha minhas coisas.

Van concordou.

Na água, Aylla se deparou com ele. Ayron. De sunga preta, bronzeado, corpo marcado. Estava com óculos escuros. Muitas mulheres olhavam para ele. Claro que olhavam. Ele era alto, lindo, musculoso. Um predador.

Ela saiu da água na direção oposta. Chegou até Vanessa:

— Vi umas lojinhas de bijuteria. Quer vir?

Vanessa sorriu, mas negou.

Aylla caminhou pela praia. Viu casais, crianças. Desejou aquilo. Família, amor. Algo simples, mas tão distante.

Quando percebeu, estava num lugar mais deserto. Pegou o celular para olhar o GPS. Alguém esbarrou nela. Era ele.

— Tá perdida, meu coelhinho?

— Não me chame assim! Que apelido ridículo. É Aylla pra você, entendeu?

Ele riu.

Ela seguiu andando, mas ele foi atrás, segurou seu braço.

— Qual seu problema comigo? Você tá me seguindo? Faz isso com todas as suas clientes?

Ele a puxou para perto.

— Só com as mais deliciosas, igual a você.

— Seu canalha! Me solta!

— Você só deixa seu ex-noivo merdinha falar assim?

— Como você sabe dele?

— Vanessa me contou. Ou esqueceu que foi ela que me contratou?

— Cale a boca!

Ela tentou chutá-lo. Ele segurou sua cintura e a beijou. Um beijo intenso, possessivo. A língua dele invadiu sua boca. Ela se debatia, mas sentia o corpo reagir com desejo. Quando conseguiu se soltar, ele disse:

— Pode dizer que me odeia. Mas seu corpo não nega. Eu quero te possuir de todas as formas. Quero você gemendo, gozando na minha boca, sentando na minha língua...

Ela deu um tapa que ecoou. Pessoas olharam.

— Seu maldito! Não sou qualquer uma. Você vive nesse mundo podre, mas eu não sou assim. Volta pra ele. E me esquece!

— E se eu não quiser? Sinto que você me pertence.

— Você só fala do meu corpo. Só isso importa pra você. Tem mulheres lindas. Aquela que veio com você é maravilhosa. Fica com ela!

— Eu não quero ela. Quero você. Só você.

— Se sente algo por mim que não seja só esse desejo sujo... me deixa ir.

Ele parou. Olhou-a com algo estranho nos olhos. E soltou.

— Tá bem. Pode ir. Mas saiba que não vou te deixar.

— Você nunca me teve,para início de conversa.

E saiu, deixando para trás um homem com um olhar que parecia mais sombrio que qualquer desejo.

Aylla sabia: sua vida nunca mais seria a mesma.

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