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Aquela manhã, Verônica observava Ayron em silêncio. Ele estava concentrado na tela do computador, tão absorto que nem piscava. Não olhava para os lados, não reagia a nada ao redor. Parecia em outro mundo.

Ela queria perguntar o que tanto prendia sua atenção, mas o humor dele estava insuportável. Em vez disso, pegou seu estojo de maquiagem e foi até a janela, fingindo passar batom. Com um pequeno espelho nas mãos, inclinou levemente o pulso e espiou o reflexo da tela.

Congelou.

Eram fotos de Aylla. Nua.

— Que doente... — pensou, o estômago revirando.

Mas havia algo estranho. A forma como Ayron olhava para aquelas imagens... não era só desejo. Havia dor. Obsessão. Um rancor amargo na rigidez de seus ombros, no jeito como seus olhos pareciam cravar punhais na tela.

Verônica voltou ao sofá, ainda digerindo a descoberta. Ele continuou ali, imóvel, sem notar sua presença.

— Será que foi ele quem tirou essas fotos?

Era tudo estranho demais. Ainda mais considerando que, naquele mesmo dia, e