Subi as escadas, e o silêncio parecia tomar conta de cada canto da casa. Harry havia ido até o escritório, onde Graziela ainda trabalhava, e eu segui para o quarto com uma inquietação difícil de explicar.
Ao abrir a porta, encontrei Clara dormindo, o rosto sereno, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro — uma imagem que parecia pintada pela própria lua.
Aproximei-me em silêncio, sentei-me ao seu lado e acariciei-lhe o rosto com a ponta dos dedos.
— Meu amor... — murmurei.
Ela abriu os olhos devagar, o olhar ainda perdido entre o sono e o despertar.
— Você ainda quer ir ao jantar? — perguntei, quase num sussurro, temendo quebrar o encanto daquele momento.
— Vamos sim... só estava esperando você chegar — respondeu, espreguiçando-se com delicadeza.
Deitei-me ao seu lado e a envolvi nos braços. Nossos olhares se encontraram, e então nossos lábios se tocaram — um beijo calmo, profundo, cheio de ternura e de um amor que parecia não caber em nós.
Sua pele tinha o perfume suave que semp