Acordei no meio da madrugada, sem sono. O relógio ao lado da cama marcava pouco mais de três da manhã. O quarto estava mergulhado em penumbra, e o único som que se ouvia era o da respiração tranquila de Clara. Fiquei algum tempo apenas observando-a — o rosto sereno, os cabelos ruivos espalhados pelos lençóis brancos, um braço jogado sobre o travesseiro. Era uma cena de paz.
Levantei-me devagar para não acordá-la e fui até o aparador buscar uma garrafa de água. A sede me guiou até a varanda do quarto, onde a brisa da madrugada me recebeu com um frescor leve e salgado. O som do mar lá embaixo se misturava ao farfalhar das palmeiras, e a mansão no Joá dormia em silêncio absoluto. As luzes externas refletiam na piscina como um espelho prateado; a imensidão do oceano se estendia diante de mim, escura e calma, apenas riscada pelo brilho distante dos barcos. Havia algo de sagrado naquele silêncio — como se o tempo parasse.
Abri o notebook e comecei a revisar alguns e-mails. Entre relatórios