Caminhando pelas calçadas de Manhattan, eu lembrava de cada momento ao lado de Lorenzo. Minha mente estava a mil — cenas, risos, promessas — tudo se misturava como um filme confuso e doloroso.
Decidi que não voltaria para o meu apartamento. Rafaela não precisava me ver daquele jeito. Já tinha presenciado a vergonha que passei quando Beatriz me humilhou na loja — eu não suportaria um olhar de pena novamente.
— Já chega — falei para mim mesma, em voz baixa, tentando me convencer de que ainda tinha forças.
Andei sem rumo por alguns quarteirões até encontrar um hotel simples, de fachada antiga e letreiro piscando em neon azul. Era um lugar modesto, com recepção pequena e carpete gasto, mas cabia no meu orçamento — o tipo de hotel onde as pessoas pareciam se esconder do mundo por uma noite.
Paguei a diária em dinheiro e subi. Assim que fechei a porta do quarto, deslizei pelas costas até o chão, respirando fundo. O quarto cheirava a desinfetante e a lençóis lavados demais. Fiquei ali, encos