Esperei Isabella ir brincar no jardim. Esperei as empregadas sumirem. Esperei o momento certo. Mas com Matteo... nunca existe momento certo. Ele sempre sabe. Sempre sente. Eu estava sentada na beira da cama, as mãos entrelaçadas, as unhas marcando a palma. Matteo entrou no quarto tirando o paletó, os movimentos firmes, seguros, o homem que comanda tudo, inclusive a minha respiração. — Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, sem rodeios, ao me ver ali, calada. Levantei devagar. O coração batia tão alto que era quase um tambor tribal no meu peito. — Preciso te contar uma coisa. — falei, sem enrolar. Ele parou, sério. Matteo nunca foge de confrontos. — Fala. — Eu estou grávida. O silêncio foi instantâneo, cortante. Ele me encarou, o maxilar trincado, o olhar escuro mergulhando no meu. O tempo parou. — Tem certeza? — Duas linhas vermelhas. — sussurrei, com um meio sorriso nervoso. — E enjoo todas as manhãs. Não é coincidência. Ele se aproximou devagar, como uma fera prestes a
No quarto, enquanto tirava a camisa, Angeline veio atrás, com aquele olhar de reprovação que eu já conhecia bem. Braços cruzados, queixo erguido, pronta para discutir. — Você foi duro com Isabella. — ela começou, seca. — Ela é uma criança, Matteo. Cinco anos. Você precisa ter mais cautela. Revirei os olhos e joguei a camisa na poltrona. — Cautela? — ironizei. — Não sou do tipo que mede palavras, Angeline. Muito menos com minha filha. Ela precisa aprender desde cedo que o mundo não vai passar a mão na cabeça dela. — Mas você é o pai dela! Não o mundo! — ela retrucou, a voz embargada de raiva. — Você pode ensinar sem ferir. Você pode corrigir sem ser frio. — Isso é o que você pensa. Cresci com um pai que não poupava palavras, e veja onde estou. — Exatamente. — ela disparou. — Um homem endurecido, acostumado a mandar e não ouvir ninguém. Mas agora você vai ser pai de novo. E precisa entender que cada filho é diferente. Isabella já perdeu a mãe, Matteo. E eu não sou ela. Essa últim
Fechei a porta do quarto e me joguei na cama com o celular na mão. Matteo ainda estava na sala com Isabella, tentando fingir que não tinha sido grosso com a filha. Eu precisava respirar. Precisava dividir isso com alguém que não fosse ele. Toquei na chamada de vídeo. A imagem demorou, mas logo o rosto de Sofia apareceu na tela, com aquela cara séria típica de quem vive cercada de neve, armas e homens perigosos. — Até que enfim, né? — ela disse, arqueando uma sobrancelha. — Achei que Matteo tinha te trancado num porão. — Você não tá tão errada. — murmurei, tentando não rir. — Mas liguei porque... tenho uma novidade. Ela cruzou os braços, desconfiada. — Se for gravidez, eu vou desligar. Eu segurei o sorriso. — É isso mesmo. Sofia arregalou os olhos. — Puta merda, Angeline! — e depois abaixou a voz. — Desculpa, é que... sério isso? Assenti. — Confirmei hoje cedo. — Você queria? — Matteo quis. Me avisou que queria e... pronto. Eu não tive muita escolha. Foi decidido. Sofia b
Acordei com a respiração falha, o corpo reagindo antes mesmo da minha mente entender o que estava acontecendo. As mãos grandes de Matteo estavam firmes nas minhas coxas, e sua língua... ah, Deus... sua língua se movia entre minhas pernas com uma precisão que fazia meu corpo inteiro tremer. — Matteo... — sussurrei, ofegante, tentando afastá-lo com uma das mãos fracas, mais por reflexo do que vontade. — Isabella... — Já saiu do quarto. — ele murmurou entre uma lambida e outra. — Agora você é só minha. E eu ainda não comemorei porra nenhuma. Ele segurou minha cintura com mais força, me puxando contra sua boca. Gemeu baixo, como se estivesse saboreando o melhor prato da vida dele. E talvez estivesse mesmo, porque Matteo fazia aquilo com uma entrega bruta, possessiva... como se quisesse marcar cada centímetro meu com o gosto dele. Minhas mãos se agarraram aos lençóis enquanto minha pele queimava. Ele conhecia meu corpo como ninguém. Sabia exatamente onde tocar, onde lamber, onde press
O silêncio dentro do carro era sufocante. Matteo dirigia com a expressão fechada, a mão pesada no volante, como se qualquer curva fosse uma guerra. Eu, no banco ao lado, tentava controlar a náusea que já não era mais só física, era psicológica também. Estava indo confirmar o que meu corpo gritava há dias: eu estava grávida. Aos 17. Do homem mais perigoso que já conheci. Do Don. — Você está pálida. — ele soltou, sem me olhar. — Quer que eu pare o carro? — Não. Só... me deixa respirar. — resmunguei, sentindo o estômago revirar. — Você está com medo do quê, Angeline? — Ele me olhou de canto. — Eu estou aqui. A frase, dita com a voz rouca e firme, deveria me acalmar. Mas não fazia. Porque estar com Matteo significava estar em um mundo onde não existia volta. Onde decisões não eram debatidas. Onde um filho era mais do que só uma criança, era um símbolo de domínio, de legado. O hospital da máfia ficava escondido entre galpões, com fachada discreta. Matteo era recebido com reverência,
A confirmação estava feita. O exame de sangue tirou qualquer dúvida: Angeline estava grávida. A casa inteira sabia. Mas agora era oficial. E isso exigia um anúncio à altura do nosso nome, da nossa posição. Ela era minha mulher. E carregava meu herdeiro. Desci até o jardim, onde encontrei minha mãe e minha avó tomando chá sob a sombra das árvores. A cena era pacífica demais pro que eu tinha em mente. — Mãe. Vó. — falei com firmeza. Elas me olharam no mesmo instante. — Quero uma festa. Grande. Verônica arqueou uma sobrancelha. — Festa? — Sim. Angeline está grávida. O exame de sangue confirmou. Quero uma celebração à altura. Convidados selecionados. Só os aliados. — Você tem certeza de que quer isso agora? — Verônica questionou. — Está muito no início, Matteo. — Justamente por isso. Quero deixar claro desde já quem é a mãe do meu filho. Quero o respeito que ela merece. E quero que todos saibam que essa criança vai nascer cercada de poder. Minha vó sorriu, orgulhosa. — Finalment
O sábado amanheceu abafado, e mesmo com os vidros fumês protegendo a mansão, o ar parecia denso. A festa seria à noite, mas a movimentação já começara cedo. Seguranças revistavam os arredores, floristas ajeitavam os arranjos importados, garçons ajustavam os uniformes. Nada era deixado ao acaso. Uma celebração sob o selo Fontana exigia mais que luxo. Exigia perfeição. Matteo estava no comando. Desde cedo supervisionava tudo com aquele olhar frio e calculista que intimidava até os mais experientes. Ele queria a festa impecável. Afinal, era a apresentação oficial da gravidez, do herdeiro, como ele repetia com orgulho cego. Me olhei no espelho mais uma vez. O vestido que Sofia me ajudou a escolher era ousado na medida certa. Longo, vinho escuro, ajustado ao corpo, com um decote profundo entre os seios e as costas completamente nuas, sustentadas apenas por uma corrente fina de ouro branco que caía sobre minha pele. Eu parecia uma mulher feita. E, de certo modo, era isso que estava me tor
A noite seguia com uma falsa calmaria, como se cada taça erguida e cada risada disfarçasse o que estava prestes a explodir. Meu vestido me apertava de leve na cintura, e a tontura sutil da gravidez se misturava com um pressentimento estranho, como se o ar tivesse ficado mais denso de repente. Foi quando meus olhos encontraram Sergei, parado perto da varanda, encarando Luigi do outro lado do salão. Os dois estavam imóveis, mas o olhar trocado entre eles era puro fogo contido. Um silêncio gritante, de mágoas que nunca foram ditas e de sentimentos que não podiam mais ser negados. Luigi, ao lado de Bianca, mantinha a postura típica de um homem seguro. Mas os ombros estavam rígidos demais. A mandíbula travada. Ele não olhava para a esposa. Seus olhos estavam presos em Sergei, e eu conhecia aquele tipo de olhar. Dor. Desejo. Culpa. Apertei o passo, ignorando os cumprimentos no caminho e me aproximei de Sergei primeiro, que segurava um copo de whisky como se fosse a única coisa que o man