Eu já sabia que não ia sair dali.
As paredes da cela pareciam mais próximas a cada dia, como se tentassem me engolir. Mas não era o concreto que me esmagava, era a traição. O gosto amargo que não saía da minha boca, por mais que eu cuspisse no chão ou socasse as paredes até os nós dos dedos arderem.
Angeline.
O nome dela era um veneno que eu não conseguia parar de engolir. Cada vez que pensava nela, meu peito ardia de raiva… e saudade.
A promotora apareceu no final da tarde, acompanhada de dois agentes. O terno preto dela estava impecável, o salto batendo seco no chão, e os olhos tão frios quanto os meus já tinham sido um dia.
Giulia Bianchi.
Claro que eu lembrava daquele sobrenome.
O marido dela sangrou até morrer na calçada de um prédio no centro de Palermo. Um erro. Um aviso. Um castigo.
Fui eu quem ordenei a execução.
Foi o meu nome que ele amaldiçoou com o último fôlego.
E agora… ela estava ali.
Na porra da minha frente.
Com um sorrisinho vitorioso, como se finalmente tiv