O dia estava quase terminando quando fechei o computador na sala e me sentei no chão para aproveitar o restante da tarde com Giulia. Nossos dias tem se divididos entre o trabalhar direto de casa e torcer para que a empresa não pegue fogo, consigo contar nos dedos as vezes que fui até lá, tomando todos os cuidados é claro.
O som da risada de Giulia encheu o apartamento como música. Estávamos no chão da sala, cercados de lápis de cor, folhas espalhadas e dois unicórnios de pelúcia que haviam sido promovidos a mestres da arte moderna. Giulia ria enquanto desenhava uma versão exagerada de mim — com bigode, barriga e uma coroa de rei na cabeça.
— Assim que eu te vejo, papai! — disse ela, com orgulho. — O rei da nossa casa!
Sorri, encantado com a leveza daquilo. Havia um tempo em que eu não sabia se ouviria a risada da minha filha de novo. Um tempo em que a casa parecia suspensa no tempo, mergulhada em silêncio e saudade.
Mas agora...
Olhei em direção à varanda e meu coração desacelerou. I