A noite no hospital era uma daquelas em que o tempo parecia se arrastar com crueldade. As luzes frias do corredor filtravam pelas janelas do quarto, lançando sombras longas sobre o chão branco. Sentado em uma poltrona ao lado da cama de Giulia, eu a observava dormir. Seu rostinho corado pela febre, a respiração mais pesada do que o normal. Isabella estava sentada na outra poltrona, os joelhos recolhidos ao peito, tentando manter-se desperta enquanto acariciava distraidamente os próprios braços. O silêncio entre nós era cheio demais — de perguntas, de temores, de lembranças que eu evitava encarar.
A mesma doença. O mesmo cenário. As mesmas dores.
Mas agora era minha filha. E eu não sabia como impedir o medo de tomar conta.
Fechei os olhos por um instante e respirei fundo. Não podia desmoronar. Não ali. Não diante dela. Não diante de Isabella.
Na manhã seguinte, fomos chamados pela médica. Uma enfermeira ficou com Giulia e nós a seguimos em silêncio até a sala familiar. Isabella caminha