Fiquei observando Giulia dormir por longos minutos depois de colocá-la na cama. Ela ainda segurava o livrinho novo contra o peito, os cílios longos descansando nas bochechas coradas. Parecia tão em paz que doía saber o quanto essa paz tinha custado caro. Principalmente para ela.
Fechei a porta do quarto devagar e desci, sabendo que Isabella ainda estava acordada. O cheiro de chá vinha da cozinha, misturado ao som abafado de louça sendo organizada. O som do cotidiano que, de alguma forma, agora me acalmava.
Ela me olhou ao me ver entrar. O cabelo preso em um coque improvisado, uma blusa velha que usava em casa e os olhos — sempre os olhos — atentos, gentis.
— Chá? — perguntou, erguendo a chaleira.
Assenti com um leve sorriso e me sentei à mesa.
— Camomila?
— Lavanda — ela disse. — Bom pra alma cansada.
Agradeci com um aceno. E fiquei em silêncio, segurando a xícara quente entre as mãos.
Eu não sabia como começar. Nunca fui bom com palavras que doem.
— Isabella... lembra quando você me c