O som insistente das notificações no celular se misturava ao eco abafado de vozes que vinham da sala de reuniões ao lado. Rodolfo ajeitou a gravata, recostando-se na cadeira, e soltou um longo suspiro. A reunião havia terminado há menos de dez minutos, e ele já sentia a cabeça latejar.
— Mais uma e eu desabo — murmurou, esfregando o rosto com as mãos.
Fazia tempo que a rotina tinha deixado de ser apenas corrida — agora era exaustiva. Reuniões, relatórios, números, investimentos. Tudo parecia uma sequência infinita de decisões e responsabilidades. E, por mais que amasse o que fazia, ultimamente o peso da vida pessoal o acompanhava em cada passo.
Desde o dia em que buscara Clara na escola com febre, algo dentro dele tinha mudado.
Ele se lembrava perfeitamente do olhar cansado da filha, o corpo quente e a vozinha fraca dizendo: “Pai, quero ir pra casa.”
Rodolfo engoliu em seco só de pensar nisso.
— Você vai precisar desacelerar — murmurou para si mesmo, enquanto se levantava e pegava o b