A manhã parecia não ter fim.
Duas reuniões seguidas, uma pilha de relatórios na mesa e três investidores falando ao mesmo tempo sobre projeções, lucros e números que eu deveria estar analisando — mas que, sinceramente, não consegui gravar uma vírgula sequer.
Enquanto um deles detalhava o plano de expansão, eu me peguei encarando o gráfico na tela e vendo, na minha cabeça, o reflexo de dois olhos azuis.
Os olhos dela.
Serena.
A vizinha irritante, atrevida e absurdamente linda que eu encontrei no corredor e que, para o meu azar, parecia ter se instalado na minha cabeça desde então.
Era ridículo. Eu conhecia mulheres incríveis, já tinha saído com algumas que sabiam exatamente o que queriam. Mas aquela garota, com seu moletom amassado e o cabelo preso de qualquer jeito, tinha mexido comigo de um jeito estranho.
E o pior: parecia não estar nem um pouco interessada.
— O senhor está de acordo com o investimento inicial de cinco por cento? — perguntou um dos investidores, puxando-me de volta