Voltar ao escritório era quase um alívio. Quase.
O elevador abriu as portas no andar de costume, com o mesmo chiado discreto de sempre, e fui recebido pelo cheiro de café e limpeza. Aquela rotina meticulosa que Carmem mantinha como um relógio suíço era reconfortante. Como se ali, pelo menos, as coisas ainda tivessem lógica.
— Miguel! — A voz dela veio antes mesmo que eu cruzasse a porta de vidro. — Graças a Deus. Estava preocupada.
Ela largou a caneca sobre a mesa e veio até mim com os braços abertos. O abraço apertado e firme que ela me deu me fez lembrar da minha mãe. Da época em que o mundo ainda fazia algum sentido.
— E a Giulia? Como ela está? — perguntou, afastando-se o suficiente para me olhar de cima a baixo. — Você está com uma cara horrível, diga-se de passagem.
Soltei um riso sem graça.
— Obrigado pelo elogio. Mas Giulia está bem… dentro do possível. Teve alta. Está em casa. A recuperação está sendo lenta, como esperado.
Carmem me puxou pelo braço e me guiou até a minha sala