Não importa quantos anos se passem, a imagem da minha filha pequena, com aqueles olhos castanhos assustados em meio a lençóis de hospital, nunca vai me deixar. Passei noites inteiras sentado ao lado de uma cama semelhante a esta, rezando para que ela tivesse forças de lutar contra o câncer que ameaçava roubá-la de mim.

Naquela época, eu já era um homem respeitado, dono de uma empresa sólida, cercado de contatos e recursos. Mas diante da doença da minha filha, percebi o quanto tudo isso era inútil. Não havia dinheiro ou influência que me permitisse tomar a dor dela para mim. O que eu podia fazer era estar presente, cada dia, cada noite, segurando a mão dela e prometendo que as coisas ficariam bem — mesmo quando eu não acreditava nisso.

E agora, tantos anos depois, aqui estou outra vez. Sentado em uma poltrona desconfortável, ao lado da cama de Giulia, observando-a imóvel, os olhos fechados, os aparelhos monitorando cada batida de seu coração.

A diferença é que, desta vez, ela não é mai