O corredor até o quarto de Giulia parecia o mais longo da minha vida. Carregava Serena contra o peito, como se o simples calor dela fosse suficiente para me manter de pé. Ela estava calma, seus olhinhos curiosos observando as luzes frias do hospital, sem a menor consciência de tudo que havia acontecido.
Eu sabia que precisava levá-la para casa, dar a ela normalidade e segurança, mas havia uma voz dentro de mim que gritava: “Antes, deixe-a ver a mãe.” Talvez fosse loucura, talvez fosse apenas desespero, mas algo em mim acreditava que o contato entre as duas poderia atravessar qualquer barreira, até mesmo o sono profundo em que Giulia estava mergulhada.
Abri a porta do quarto com cuidado. O som dos aparelhos encheu meus ouvidos, cada bip marcado como uma tortura. Giulia estava ali, imóvel, tão frágil e ainda assim tão forte. O tubo de oxigênio, os curativos, o inchaço leve em seu rosto… tudo me despedaçava.
Engoli em seco, me aproximando.
— Amor… olha quem veio te ver. — Minha voz falho