O apartamento estava silencioso quando fechei a porta atrás de mim, depois de me despedir rapidamente da atendente da cafeteria pelo telefone. Tinha pedido a folga porque sabia que precisaria de tempo para organizar tudo — e porque ainda não estava preparada para enfrentar o mundo do lado de fora. Hoje, pelo menos, eu queria me concentrar em nós três: eu, Serena e aquele espaço que agora chamávamos de lar.

O cheiro de caixas de papelão ainda tomava o ar da sala, misturado ao perfume doce do amaciante que vinha da roupa de Serena secando no varal improvisado. Coloquei uma música baixinha no celular, uma playlist antiga que eu costumava ouvir quando precisava de coragem, e comecei a abrir uma das caixas maiores.

— Vamos dar vida a esse lugar, pequenina — murmurei para Serena, deitada no berço portátil ao meu lado.

Ela respondeu com um resmungo, virando-se de lado e chupando a mãozinha, e eu sorri. Cada gesto dela me lembrava do quanto eu precisava ser forte, do quanto não podia me deixa