O carro desliza pelas ruas molhadas de Londres com uma calma que não combina com o que está acontecendo dentro de mim. Tento manter o olhar fixo na janela, assistir as luzes refletindo nos paralelepípedos como se fossem constelações urbanas, mas minha atenção continua sendo puxada para ele.
Noah dirige com uma tranquilidade irritante, uma mão solta no volante, os dedos tamborilando levemente ao ritmo da música baixa que preenche o carro. É impossível não reparar nos detalhes: o modo como a franja dele cai ligeiramente sobre os olhos, como a mandíbula parece se tensionar e relaxar em pensamentos que ele nunca fala em voz alta.— Obrigada por me levar à galeria — eu quebro o silêncio, porque o ar está denso demais. — Foi… diferente. No bom sentido.Ele sorri, sem tirar os olhos da estrada.— Diferente é uma boa palavra para hoje. Não costumo mostrar esse lado para as pessoas.— E por que mostrou para mim? — escapa antes que eu possa filtrar.