A chuva em Londres nunca parecia ter fim. Lá fora, as gotas caíam com uma cadência quase hipnótica, batendo contra as vidraças enormes do meu quarto. A mansão dos meus pais era silenciosa agora — ou talvez fosse eu que me sentia deslocado dentro dela, grande demais, fria demais.
Fechei o laptop com um suspiro. As páginas de anatomia e fisiologia ainda estavam abertas, mas meu cérebro já tinha desistido horas atrás.
O celular vibrou ao lado, a última mensagem da noite piscando na tela:
Giulia: “Boa noite, Noah. Até amanhã!”
Sorri sozinho. Ela tinha esse efeito em mim — uma espécie de leveza inesperada. Não que eu fosse admitir isso tão cedo.
Deixei o celular de lado e levantei. A madeira do piso rangeu sob meus pés descalços enquanto eu caminhava até o banheiro. O rosto cansado no espelho parecia mais velho do que eu realmente era. Os olhos levemente vermelhos de quem passa horas lendo e fingindo interesse por algo que não faz sentido aqui dentro.
Escovei os dentes mecanicamente. Lavei