— Pai? — Minha voz soou hesitante enquanto a chamada de vídeo conectava. Eu não lembrava da última vez que o tinha chamado assim tão naturalmente, mas agora parecia certo. Tão certo quanto o frio de Londres que se infiltrava pela janela do meu pequeno apartamento.
A tela iluminou com o rosto dele. Miguel. Não, o meu pai. Os olhos castanhos, cansados pelo trabalho, mas ainda assim suaves quando pousaram em mim. Ele estava na sala de casa, aquela mesma sala que eu conseguia lembrar até o cheiro: madeira polida, café e o perfume floral discreto de Isa.
— Giulia… meu amor — ele disse, o sorriso nascendo devagar, quase como se tivesse esperado o dia inteiro só para me ver. — Como você está?
— Com saudade — confessei, abraçando meus joelhos no tapete da sala. — E com frio. Aqui é sempre tão cinza…
Isa apareceu atrás dele, o sorriso iluminando a tela. — Oi, minha menina. Que saudade de ver esse rostinho!
Antes que eu pudesse responder, um vulto pequeno se jogou na frente da câmera.
— Gi