Os dias no hospital se tornaram um borrão de café amargo, olheiras e esperas. Eu já havia perdido a noção do tempo. O som do monitor cardíaco de Giulia se misturava ao ritmo da minha respiração, e os corredores brancos já pareciam parte da minha casa.
Meu ritual não mudava: acordar com Serena nos braços, deixá-la com Isa, e correr para o hospital. Passava horas sentado naquela mesma cadeira, observando o peito de Giulia subir e descer com a ajuda das máquinas, esperando algum sinal dela.
Mas hoje era diferente. Hoje havia esperança.
A médica havia passado no início da manhã para avisar: “Se tudo correr bem, vamos retirar a sedação. Será um processo gradual, mas esperamos que ela comece a reagir.”
Essas palavras ecoavam dentro de mim desde então. Eu não conseguia pensar em mais nada.
Por volta das dez, a porta do quarto se abriu e Isa entrou, com Serena no colo. Miguel vinha logo atrás, carregando uma pequena bolsa com as coisas da neta. O sorriso cansado que Isa me ofereceu foi sufici