O quarto ainda parece estranho para mim. As paredes brancas, o bip constante das máquinas, o cheiro de hospital impregnado no ar. Eu tento me acostumar, mas é como se meu corpo estivesse aqui e minha mente em outro lugar — um vazio em que nada faz sentido.
A psicóloga está sentada à minha frente, com um caderno no colo. Ela me fala com paciência, como quem lida com uma criança que acabou de aprender a dar os primeiros passos.
— Giulia, é importante que você não se pressione. A memória, quando sofre um trauma, reage de formas diferentes em cada pessoa. O que você está sentindo é normal.
Normal.
Nada em mim parece normal.
— Mas… e se eu nunca lembrar? — pergunto em voz baixa, encarando as próprias mãos sobre o lençol.
Ela sorri, serena.
— A mente é uma caixinha de surpresas. Muitas vezes, lembranças voltam de forma espontânea, outras vezes precisam de estímulos. Fotos, músicas, cheiros… e, principalmente, pessoas.
Antes que eu possa perguntar mais, a porta se abre.
Meu coração dispara s