Os dois últimos dias foram os mais longos da minha vida. Acordar e dormir no mesmo quarto de hospital, com o mesmo bip constante preenchendo o silêncio, transformou meu mundo em uma espera interminável.
Criei um ritual sem perceber. Chego cedo, depois de deixar Serena com Isa, e passo o dia inteiro aqui. Puxo a cadeira para perto, seguro a mão de Giulia e falo com ela como se ela pudesse me ouvir. Às vezes conto sobre a cafeteria, sobre as pequenas vitórias da Serena — o jeito que ela gargalhou quando fiz uma careta pela manhã, ou a maneira como ela segurou meu dedo com tanta força enquanto mamava. Outras vezes, simplesmente fico em silêncio, olhando para Giulia e pedindo em silêncio que ela lute, que volte.
À noite, quando o hospital silencia ainda mais, eu deito minha cabeça na beira da cama. Fico com a mão dela entre as minhas, e deixo o sono me vencer. O cheiro de álcool, o frio da sala, o som repetitivo das máquinas… tudo se tornou parte da minha rotina. Tudo, menos a ausência da