Capítulo 6 - Kaian

Eu estava andando de um lado para o outro na sala de casa com os nervos à flor da pele, enquanto o relógio na parede parecia zombar de mim, marcando cada segundo que Leon demorava pra voltar. Onde raios aquele idiota tinha se metido? Ele só precisava ir até a fazenda, medir o dedo da garota para aliança e voltar. Não era pra levar a tarde inteira com minha noiva!

Noiva. A palavra ecoava nos meus ouvidos como uma piada de mau gosto, algo que não fazia sentido. Eu, Kaian Hawkings, alfa da alcatéia Greyclaw, casado? Ainda mais com uma humana? Era contra tudo o que eu acreditava, contra o juramento que fiz a mim mesmo anos atrás: nunca me prender a ninguém, nunca correr o risco de perder outra pessoa como perdi meus pais.

Relacionamentos eram fraqueza, era estupidez criar laços que podiam ser cortados sem o menor aviso deixando apenas dor. Por isso eu mantinha as coisas simples, noites sem compromisso, corpos sem nomes. Mas por causa daquelas malditas terras, eu estava preso a Alina Lancaster.

Eu podia sentir o cheiro dela ainda, aquele maldito perfume que grudou em mim desde que a toquei. A lembrança da cintura dela sob minhas mãos, da eletricidade que me atravessou, me deixava inquieto.

Mas eu não deveria me sentir assim, ela era uma humana, uma lembrança viva dos monstros que mataram meus pais, que caçam meu povo. Mesmo que Alina não tivesse culpa, ela era da mesma espécie. E eu não podia me deixar levar, não podia permitir que ela fosse mais do que um meio para um fim.

As terras dos Lancaster valiam qualquer sacrifício, até mesmo esse casamento ridículo. Mas fazer um humana minha luna? Ela nunca seria minha luna de verdade.

A porta da sala se abriu com um rangido e Leon entrou, me tirando dos meus pensamentos confusos quando vi a expressão séria. Meus sentidos ficaram em alerta na hora. Leon não era de fazer cara de paisagem, sempre tinha um sorriso idiota ou uma piada pronta.

— E aí, conseguiu a medida da aliança? — perguntei, tentando soar desinteressado, mas minha voz saiu mais tensa do que eu queria. Eu precisava saber como tinha sido e o que havia acontecido para ele estar com aquela cara. Não que eu me importasse. Era só... curiosidade.

— Sim, consegui. — Leon respondeu, jogando a fita de medir sobre a mesa com a marcação. — Mas sério você deveria ter ido fazer isso, cara.

— Não começa com isso, Leon — Minha paciência já estava no limite com aquela coisa toda de casamento. — Você quis ir, por mim não teria aliança nenhuma e ponto final.

Ele riu, mas não era o riso leve de sempre. Havia algo nos olhos dele, uma provocação que me fez cerrar os dentes.

— Não estou reclamando de ter passado um tempo com a sua garota. Estou falando que você ia gostar de ver o que eu vi.

As palavras dele acenderam um fogo no meu peito, despertando uma raiva que subiu tão rápido quase me cegando.

— Que porra você viu? — grunhi, dando um passo à frente, minhas mãos se fechando em punhos enquanto o pensamento de Leon olhando para Alina de um jeito que não devia, me fez ver vermelho. Se ele estava rondando ela, tentando alguma coisa… eu ia matá-lo!

Leon ergueu as mãos com aquele sorriso irritante voltando.

— Calma, alfa. Não estou tentando nada com a sua noiva. Que tipo de homem eu seria se tentasse roubá-la depois que você brigou com o conselho por ela? — ele perguntou me irritando com o ar de espertinho que sempre gostava de usar quando me irritava. — Mas nem todos os homens respeitam a noiva de alguém, sabia?

— Que merda você está falando, Leon. Diga de uma vez e pare de rodeios como uma mocinha! — Minha voz saiu como um rosnado, e o dedo que apontei pra ele não deixava margem para brincadeira. Leon estava me testando, e eu não estava no clima para joguinhos.

Ele gargalhou desviando de mim e se jogando no sofá como se fosse dono do lugar, confortável demais para o meu gosto.

— Um dos peões da fazenda está atrás dela. Quando cheguei, eles estavam brigando feio porque o cara quer ela.

— O quê? — O som que saiu de mim foi mais animal do que humano, um rosnado baixo que fez as paredes tremer.

— No meu entender ele gosta dela, mas não sabe como dizer isso então foi um babaca insinuando que ela é pouca coisa para alguém como você se interessar se não fosse pelas terras.

Minha visão escureceu nas bordas, e eu senti meus punhos apertarem com tanta força que as juntas estalaram. A ideia de outro homem se aproximando dela, falando que a queria, fez meu sangue ferver.

— Não perguntei isso, perguntei quem é o filha da puta? — rosnei avançando contra ele. — Fale logo Leon, eu sou a porra do seu alfa!

— Trabalha na fazenda, assim como o pai dele. Pelas fotos nas redes, ele e Alina são amigos há anos. — Ele fez uma pausa, saboreando o momento. — James Williams, esse é nome do seu concorrente.

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