— Eu prometo! — falei firme vendo Alina se virar para mim espantada. Com toda certeza surpresa com a rapidez que as palavras saíram da minha boca.
— Vocês se casam e tudo é seu, faça o contrato! Mas não é qualquer casamento, eu quero que seja feita a cerimônia do seu povo!
O velho Duncan era esperto, ele sabia que a cerimônia não podia ser quebrada nem anulada como o casamento entre os humanos, a cerimônia matrimonial nos uniria para o resto da vida.
Mas eu não ia perder a chance de colocar as mãos naquelas terras!
— Faremos a cerimônia daqui dois dias, na lua cheia. — avisei antes de sair de lá, deixando Alina com o pai.
Ainda podia sentir a eletricidade em minha mãos quando a toquei. Aquilo não deveria ter acontecido, era algo que não existia entre um humano e um lobo, mas ainda sim meu corpo respondeu aquela garota como se ela fosse destinada a mim.
Sacudi a cabeça para afastar o pensamento e enviei uma mensagem para Leon, ordenando que ele redigisse um novo contrato rápido, não ia dar tempo para que Duncan mudasse de ideia, ou que sua filha o convencesse a desistir e perdêssemos as terras.
Bastou o pensamento passar por minha mente para que o cheiro dela voltasse a invadir meus sentidos, o perfume de jasmim misturado ao seu calor ficou marcado em mim como ferro.
Alina Lancaster, a garota que eu vi crescer, tímida e quieta, escondida naquela fazenda, vivendo apenas para trabalhar e cuidar do pai. Era assim que todos a conheciam.
Eu só nunca pensei que um dia me casaria com ela, uma humana… aquilo não estava certo, ninguém na alcatéia concordaria com isso.
— Você está falando sério? — A voz de Leon me alcançou no instante que parei meu carro na frente da sede onde fazíamos as reuniões da alcateia. — Vai se casar com a garota?
Ele era meu melhor amigo de infância e nosso advogado, tinha passado anos criando formas de conseguirmos as terras que faziam fronteira com o território da nossa alcateia, tentando negociar com o senhor Duncan sem nenhum sucesso.
Passei direto por ele sem responder, entrei indo para minha sala sabendo que tudo precisava ser resolvido com pressa.
— Quero todos do conselho reunidos aqui em dez minutos. — dei a ordem a minha secretária. — Esse casamento vai acontecer em dois dias!
— Então está mesmo disposto a casar com uma humana? — Leon fechou a porta e se jogou na cadeira à minha frente. Havia um sorriso de descrença em seu rosto, quase como se não acreditasse no que eu estava prestes a dizer.
— O velho planejou assim, o casamento em troca das terras. Casamento é algo que eu posso lidar por todos aqueles hectares.
Ele sacudiu a cabeça em negação sem perder o sorrisinho, ele sabia o que aquilo significava pra mim, eu nunca quis me casar, nunca quis nada daquilo, muito menos com alguém da espécie dela.
— É sem dúvida ruim não vai ser. — ele apoiou a mão no queixo, fingindo estar pensativo. — Não quando a garota é gostosa pra caramba. Ganhar as terras e de quebra ter Alina cavalgando em cima de você, é como ganhar na loteria.
— Cale a boca. — grunhi sentindo meu corpo ferver, não por desejo e sim por raiva em ouvi-lo falar dela assim.
— Será que ela é virgem? Aposto que sim, ninguém nunca a viu com um homem por aí. — uma satisfação involuntária tomou meu peito com aquele pensamento. Alina nunca tinha deixado a fazenda, e eu duvidava que algum dos homens que trabalhavam para seu pai teria coragem de tocá-la. — É meu amigo, eu posso fazer esse sacrifício e trocar de lugar com você. Vai ser um prazer ter aquela garota toda só para mim…
— Vai se foder! — bradei batendo a mão sobre a mesa e vendo o sorriso dele voltar a crescer. — De agora em diante você não vai falar e nem sequer pensar na minha futura esposa desse jeito!
Eu não sabia de onde tinha vindo aquela raiva ou o calor que pulsava dentro de mim querendo me fazer pular no pescoço dele por vê-lo fantasiando com Alina daquele jeito. Mas foi assim que me senti, disposto a arrancar o coração do meu amigo.
Leon ergueu as mãos em rendição, mas o sorriso continuou preso em seu rosto, como se estivesse aproveitando cada segundo.
— O cheiro dela está em você. — ele murmurou me deixando novamente consciente do perfume dela impregnado em mim. — Como isso aconteceu? O velho Duncan te fez agarrar a filha ou foi você que decidiu consumir o casamento antes?
— Seu babaca! — me levantei virando para a janela, me lembrando da sensação de ter minhas mãos em volta dela, o calor, a eletricidade, o perfume me deixando tonto antes mesmo que os olhos verdes se encontrassem com os meus. — Isso não aconteceu e nem vai acontecer, não vou consumar o casamento com ela.
As palavras pularam da minha boca colocando um fim naqueles pensamentos e em qualquer ideia absurda que poderia vir daí. Eu não ia ter uma humana em minha cama, isso jamais iria acontecer!
— Como não vai consumar o casamento? — Leon questionou. — Pretende se separar depois que o pai dela falecer? Ou vai passar o resto da vida em celibato?